RIA FORMOSA
A Ria Formosa é uma área protegida com o estatuto de Parque Natural e situa-se no Algarve, que é a região mais a sul de Portugal Continental.
Estende-se pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António e abrange uma área de cerca de 18400 hectares ao longo de 60 Km desde o Ancão até à Manta Rota.
A sul é protegida do Oceano Atlântico por um cordão dunar quase paralelo à orla continental, formado por 2 penínsulas (Península de Faro que engloba a praia do Ancão e a praia de Faro e a Península de Cacela que engloba a praia da Manta Rota) e 5 ilhas barreira arenosas (Ilha da Barreta, Ilha do Farol, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas) que servem de protecção a uma vasta área de sapal, canais e ilhotes.
A norte, em toda a extensão, o fim da laguna não tem uma delimitação precisa, uma vez que é recortada por salinas, pequenas praias arenosas, por terra firme, agricultável e por linhas de água doce que nela desaguam (Ribeira de São Lourenço, Rio Seco, Ribeira de Marim, Ribeira de Mosqueiros e o Rio Gilão).
Tem a sua largura máxima junto à cidade de Faro (cerca de 6 Km) e variações que nos seus extremos, a Oeste e a Este, atingem algumas centenas de metros.
Este sistema lagunar tem uma forma triangular e apesar de ser reconhecido como ria, na realidade não o é, uma vez que uma ria é um vale fluvial inundado pelo mar o que não é o caso, uma vez que a laguna não é nenhum vale fluvial e é formada por ilhas barreira.
O seu fundo é constituído essencialmente por sedimentos lagunares (matéria orgânica, vasa salgada), sedimentos Continentais (oriundos do transporte pelas ribeiras e escorrência das águas das chuvas) e sedimentos arenosos ( provenientes das correntes de maré, sobretudo nas barras, galgamentos e ventos) que se têm vindo a consolidar com a ajuda da "morraça" que é um tipo de vegetação predominante e característico desta região.
A sua fisionomia é bastante diversificada devido aos canais formados sob a influência das correntes de maré, formando assim, uma rede hidrográfica densa.
A origem deste sistema lagunar e do cordão dunar ainda não está suficientemente esclarecido. Tudo pode ter começado com movimentos a nível da crosta terrestre a que, ao longo do tempo, se vieram juntar outros factores, tais como modificações na morfologia dos fundos marinhos, o movimento das ondas e a direcção das correntes, as variações havidas no nível do mar, os sedimentos provenientes das falésias do Barlavento e do Continente ou das linhas de água que desaguam na ria e as condições meteorológicas (Chuvas, ventos, diferença de temperaturas, etc).
No entanto sabe-se que este conjunto de Ilhas Barreira, são do tipo transgressivo ou seja vão recuando para o Continente através da acção do mar (galgamentos) e do vento (cortes eóli cos), à medida que o nível do mar em relação ao Continente vai subindo (actualmente estimado em 1,7 mm/ano). A prova evidente desta situação, é que são descobertos, nos furos realizados nestas ilhas, depósitos lagunares imediatamente abaixo das acumulações arenosas. Ora se as ilhas migrassem para o mar iríamos encontrar, nesses furos, não depósitos lagunares mas sim areias.
A Ria Formosa, segundo o PNRF, é uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. Está, por este motivo, inscrita na Convenção de Ramsar, pelo que o Governo Português assumiu o compromisso de manter as características ecológicas da zona e de promover o seu uso racional. Esta área protegida está também classificada como zona de protecção especial no âmbito da Directiva 79/409/UE.
Esta importância, segundo o PNRF, é devida a: .Constituir zona de invernada de aves provenientes do norte e centro da Europa .Constituir zona de passagem importante para as migrações entre o norte da Europa e a África . Abrigar espécies raras em Portugal .Possibilitar a nidificação a espécies cujos habitats têm vindo a regredir.